domingo, 12 de fevereiro de 2017



Não desfazendo do imenso trabalho que a minha pequena Lyne teve a criar este maravilhoso blogue, decidi continuar num outro. Estava um pouco desabituada a manipular o HTML mas creio que consegui criar um tema ao meu jeito. Simples, mas ao meu jeito. Portanto, para quem quiser continuar a ler-me aqui está o meu novo cantinho...







sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

NO.6



Muita gente toma a minha “genuinidade” por “ingenuidade”. Mas de ingénua, não tenho rigorosamente nada. Até hoje, de todas as pessoas que me consigo lembrar terem entrado na minha vida, todas e cada uma delas fracassou para comigo. Desde amizades que outrora julgava serem para a vida, a paixões e promessas falhadas. Posso até dizer que verti mais lágrimas por amizades, do que propriamente por desgostos amorosos. Eu prezava muito o conceito de amizade. Tinha o estranho habito de colocar as minhas amizades no topo das minhas prioridades, o que me prejudicou em inúmeros sentidos. Esforçava-me demasiado por ser importante para quem era importante para mim, e no final de contas, quando necessitava, só tinha comigo a minha própria sombra. Hoje em dia, é só na minha sombra que confio, e é quando a consigo ver. Disse e repito, de ingénua nada tenho, porque já lidei com demasiadas personalidades para ser iludida tão facilmente assim. Mas como é óbvio não me fecho ao mundo, não sou um bicho do mato (apesar de muitas vezes me comportar como tal, mas não é defeito, é feitio). Gosto de ver e conhecer novas caras, a verdade é nenhuma delas me mostra nada de novo. Presumo de imediato com o que posso contar, crio as minhas expectativas na pessoa (inevitável) e à mínima atitude consigo captar-lhe a índole. Com isto não quero dizer que, quando a pessoa comete uma atitude menos boa eu a vá julgar ou voltar costas. Nada disso, e é nesse sentido que me julgam “ingénua”. Porque, apesar da minha extensa coleção de desilusões, eu vou tolerando as falhas das pessoas. Pratico algo que se chama “conhecer”, algo que nos dias de hoje caiu em desuso. Gosto imenso de conhecer, de saber as razões por detrás das atitudes, pois todos nós temos um passado que nos moldou do jeito que somos hoje. Somos vincos de personalidade que resultaram de experiências e momentos, de sorrisos e lágrimas, de fracassos e sucessos, de erros e lições. O jeito menos bom com que nos tratam uma vez por outra, muitas vezes são os ditos mecanismos de defesa a que cada um se agarra. Não acredito em más pessoas. Portanto eu vou-me esforçando por entender. Eu vou rir de uma piada maldosa. Eu vou fingir que não ouvi algo, que na verdade me ficou a remoer. Eu vou fechar os olhos muitas vezes. Eu vou encolher os ombros uma vez por outra e pensar para mim mesma “não teve importância”.  Eu vou estender a minha mão. Eu vou ajudar, vou apoiar, vou estar lá para uma palavra amiga. Eu vou estando lá para os que me consideram uma parva, porque são as pessoas que vão sendo merecedoras que eu assim seja. Tenho um principio que trago em pensamento todos os dias – ser o mais diferente possível das pessoas que me magoaram. Nem me incitem a ser de uma outra forma, porque honestamente não vou mudar. Não sou a melhor pessoa do mundo, isso nunca. Sei “não” perdoar. Sei voltar a outra face. Sei ficar brava. Sei dizer o que penso mas não sinto. Certo dia, aquando de uma grande discussão, disseram-me “quando queres consegues ser uma cabra sem sentimentos”. E é a mais pura verdade. É nesses momentos que preciso que sejam tão tolerantes quanto eu sou. Porque o mundo precisa disso mesmo, de mais pessoas tolerantes. As ditas ingénuas, que não fazem mal nenhum mas incomodam muita gente.